Muitas instituições do ensino superior através do mundo deram-se conta de que o ensino na sala de aula e a educação fora da sala de aula deveriam complementar-se uma à outra, de que tanto a especialização profissional (competências específicas) como a educação geral em artes liberais (competências transversais) são indispensáveis na formação de estudantes universitários nesta nova era, e de que um novo modelo de educação exige o equilíbrio perfeito.

Eis a razão pela qual universidades de nomeada atribuem grande importância aos assuntos dos estudantes através das suas experiências de vida e de aprendizagem. A função educativa dos assuntos dos estudantes está em expansão contínua, uma vez que a Universidade de Macau (UM) atribui grande importância à educação fora da sala de aula. Em 2008, após a tomada de posse do Prof. Wei Zhao enquanto reitor, a UM lançou um novo modelo educacional de “4-em1”, que tem por objectivo implementar a educação da pessoa global, através da combinação de um ensino de disciplina específica, de uma educação geral, de uma educação de investigação em regime de internato, e de uma educação de pares para a comunidade. Um tal modelo de educação, não apenas fortifica os pontos fortes dos estudantes, mas ajuda-os ainda a desenvolver – através de uma educação de pares para a comunidade ancorada num sistema de colégio residencial (RC)  – competências transversais, tais como o optimismo, o espírito de equipa, a comunicação efectiva, o sentido de responsabilidade, a empatia, a capacidade de praticar um juízo moral são, e uma aprendizagem durante toda a vida, etc..

O rápido desenvolvimento da UM está a colocar maiores exigências sobre o trabalho dos assuntos dos estudantes. Quando o novo campus na Ilha de Hengqin estiver operacional, será implementado um sistema total de RC. Isto requer, inevitavelmente, a formação de um grande número de profissionais dos assuntos dos estudantes de alto nível. Assim sendo, a UM criou recentemente duas posições sénior responsáveis dos assuntos dos estudantes: Vice Reitor para os Assuntos dos Estudantes, e Director dos Estudantes. A primeira é ocupada pelo Prof. Haydn Chen, que tem uma larga experiência na gestão do ensino superior, e a última é ocupada pelo Dr. Peter Yu, que tem mais de vinte anos de experiência em assuntos dos estudantes. Além disso, em Maio de 2012, a UM criou, pela primeira vez, na Ásia, um Instituto dos Assuntos dos Estudantes de Macau, e convidou especialistas de alto nível em assuntos dos estudantes e educação de todo o mundo, a fim de providenciar um curso de formação avançado. Nesta edição do umagazine, convidámos o Prof. Haydn Chen e o Dr. Peter Yu para discutirem, de diferentes perspectivas, como é que a UM planeia ajudar os estudantes a adquirirem e melhorarem competências transversais, e também como é que a UM irá aperfeiçoar a gestão dos estudantes. Entrevistámos também alguns participantes no curso de formação, a fim de nos esclarecermos sobre a nova compreensão dos assuntos dos estudantes que adquiriram durante o curso.

Haydn Chen: O Carácter É Mais Importante

Um ensino de sala de aula convencional, que se concentra na transmissão de conhecimentos de especialização, tende a ser valorizada mais prontamente, em parte porque os conhecimentos são quantificáveis, visando formar os estudantes em competências específicas. A educação fora da sala de aula, no âmbito da educação geral, ou da pessoa global, contudo, é uma questão completamente diferente, no sentido em que tem uma duração indeterminada, requer mais tempo e espaço, lida com um leque de questões diversificadas, e não tem métodos de estudo ou manuais. A falta de um manual e de exames torna difícil quantificar e medir os resultados deste tipo de educação. Mas o mais curioso é que as competências, que normalmente só podem ser adquiridas através duma tal educação, são grandemente valorizadas pela sociedade. Por exemplo, quando contratam internos, muitas companhias multinacionais procuram competências de comunicação, capacidade de análise e de resolução de problemas, eficácia interpessoal, espírito de equipa, mentalidade global, auto-educação e motivação, gestão de humor, e potencial de liderança.

Quando o novo campus estiver operacional no próximo ano, serão estabelecidos entre oito e doze RCs, formando o maior sistema de RCA na Ásia. Quando isto acontecer, os estudantes poderão beneficiar de uma vida de campus mais rica. O sistema de RCs será um complemento ao sistema de faculdades. Quinhentas pessoas, aproximadamente, irão viver em cada RC. Estudantes de diferentes áreas principais, anos de estudo e etnias viverão e aprenderão em conjunto e uns com os outros. Viver e jantar juntos no mesmo RC proporcionará ao pessoal e aos estudantes amplas oportunidades para interagirem e tornarem cada RCL uma comunidade de aprendizagem multidisciplinar. Qual é a opinião do Prof. Haydn Chen sobre a aquisição de competências transversais e sobre o sistema de RCs a ser implementado no novo campus da UM no futuro próximo? E quais são os seus planos para estas duas áreas?

J: Jornalista

C: Prof. Haydn Chen

J: Que tipo de pessoas é mais necessário no século XXI? Como poderá a UM responder às necessidades de uma sociedade em desenvolvimento?

C: As pessoas mais necessárias no século XXI deverão possuir as competências e características seguintes: (1) excelente capacidade de aprendizagem, (2) paixão pelo serviço, (3) uma mentalidade global, (4) capacidade prática, (5) inteligência multifacetada, (6) conhecimento interiorizado das artes liberais e preocupação com a humanidade, e (7) uma visão optimista da vida. Ouvimos hoje em dia, frequentemente, queixas em relação à má atitude dos estudantes universitários, bem como à sua falta de paixão, acção, cooperativismo e capacidade de lidar com a pressão. Na realidade, estas faltas têm muito pouco a ver com as disciplinas principais que eles escolhem para os seus estudos universitários. Estas são características da personalidade, e o desenvolvimento destas características é exactamente o objectivo de uma educação em artes liberais. No século passado, as universidades tendiam a concentrar-se na transmissão de especialidades profissionais, atribuindo maior importância às cadeiras de ciências do que às das humanidades e dando prioridade à formação de especialistas em vez de generalistas. Mas a educação em artes liberais tem por objectivo ajudar todos os estudantes a tornarem-se agentes independentes de livre vontade em vez de escravos dos seus conhecimentos, porque uma pessoa com a cabeça cheia de conhecimentos sem uma análise independente desses conhecimentos não é senão um robot. Em finais do século XX, as universidades foram-se dando conta de que a educação deveria basear-se num processo de aprendizagem-resultados finais, e, consequentemente, começaram a atribuir maior importância a uma educação multifacetada que valoriza um equilíbrio entre as cadeiras de ciências e as humanidades.Tal constitui o cerne da educação no século XXI. O modelo de educação de “4-em-1” implementado na UM tem por objectivo, antes do mais e principalmente, ajudar os estudantes a tornarem-se pessoas de acção, pessoas com boas características de carácter, valores e compaixão, e pessoas que podem contribuir numa equipa. Só assim poderão realmente dar contribuições valiosas à sociedade.  

 

J: Qual o papel desempenhado pelo trabalho dos assuntos dos estudantes na ajuda aos estudantes no desenvolvimento de competências transversais?

C: A visão moderna do ensino superior enfatiza uma educação integrada multidisciplinar, que inclui uma educação em artes liberais (ou uma educação em competências transversais) para além de uma educação de disciplinas específicas (competências específicas). E, nesta material, o Gabinete dos Assuntos dos Estudantes (SAO) pode e deverá ter um papel importante. O SAO deverá ir para além da sua função de serviço e tornar-se uma unidade de ensino ou até uma plataforma para a aquisição de competências transversais. Todos os colegas do SAO têm a responsabilidade de educarem os estudantes. Colocámos os nossos objectivos em termos de ajudarmos os estudantes a desenvolverem competências transversais, e com estes objectivos em mente, iremos conceber alguns índices de aptidão nuclear. Por intermédio de várias disciplinas e actividades, a Um irá ajudar os estudantes a atingirem esses índices nucleares.

J: Porque é que a educação do carácter é importante para os estudantes?

C: Pessoas com competências profissionais mas desprovidas de um bom carácter podem causar ao mundo grandes desastres. É o que acontece, por exemplo, com um advogado que desrespeita as leis, com um homem de negócios sem escrúpulos morais. Ainda que a especialidade e o carácter sejam ambos muito importantes, penso que o último é mais importante do ponto de vista de trazer benefícios para a humanidade. Traços de carácter têm a ver com o conhecimento interiorizado das artes liberais e a preocupação com a humanidade, e isto está para além do âmbito da aquisição de conhecimentos de especialidade. Então como é que cultivamos estes traços de carácter? A resposta é através da educação, que começa desde a idade precoce. Uma pessoa que gosta de explorar e experimentar terá de ter uma perspectiva mais alargada. Como tal, é muito importante que as universidades ajudem os estudantes a desenvolver a iniciativa de aprenderem, e de os equipar de competências transversais diversificadas. Temos de ajudar os estudantes a desenvolver diversas competências e características, incluindo a resistência, a cooperação, a obediência às regras, a honestidade, a resiliência face a reveses, um coração carinhoso, aptidões de comunicação, bons valores, espírito de equipa, e autodisciplina. Estas competências transversais — e a educação do carácter que é essencial para o desenvolvimento destas competências — são praticamente impossíveis de obter de uma educação puramente transmitida na sala de aula. Têm de ir sendo adquiridas lentamente, através de uma aprendizagem multidisciplinar adquirida fora da sala de aula.

J: Que papel é que o sistema de RC desempenha em ajudar os estudantes a internalizarem o conhecimento das artes liberais e a nutrirem uma preocupação com a humanidade?

C: A experiência de universidades ocidentais, sejam as universidades de Oxford e Cambridge, ou universidades de educação em artes liberais dos Estados Unidos, mostra que o ensino através da vivência constitui o cerne da sua filosofia de ensino. Quando o novo campus estiver operacional, a UM irá implementar plenamente um sistema de RC, que personificará a filosofia da educação em artes liberais — respeito pela liberdade académica e encorajamento de uma interacção mutuamente benéfica docente-estudante através de uma vivência conjunta. Este tipo de vida de RC é um veículo para inculcar nos estudantes o conjunto certo de atitudes em relação à vida e aos estudos. Isto ajuda os estudantes a internalizarem conhecimentos de artes liberais e a nutrirem um coração carinhoso. Ensina igualmente os alunos a usarem a sua iniciativa para aprenderem, a resolverem problemas proactivamente, a comunicarem efectivamente, e a serem amáveis com os outros. Só através da implementação de um sistema de aprendizagem baseado no RC através da vivência e da prática poderemos realmente atingir o objectivo de uma educação da pessoa global.

J: Como é que a UM ajuda os estudantes a utilizarem plenamente o seu tempo fora da sala de aula a fim de fortificarem competências transversais?

C: Digamos que os estudantes frequentam as aulas cinco dias por semana, se subtrairmos o tempo que gastam a preparar-se para a frequentarem as aulas, a dormir e a comer, têm apenas cerca de sessenta e oito horas à sua disposição. E os estudantes podem não usar estas horas de um modo muito bem planeado; Podem gastá-lo a navegar na internet, com empregos em tempo parcial e desportos, a sair com amigos, etc. A filosofia da educação da UM, com o seu modelo de educação de “4-em-1”, pretende deixar o SAO e cada RC usar essas cerca de dez horas por semana para organizarem disciplinas bem concebidas, conferências e outras actividades para ajudarem os estudantes a melhorarem as suas competências transversais. A essência da educação em artes liberais não é o modo de ensinar de “giz e palestra”, mas reside antes na interacção. Os RCs representam um passo pioneiro para a UM. Vamos criar mais oportunidades para os estudantes e fazer com que eles queiram realmente participar. Viver num RC é diferente de viver num dormitório tradicional. É um lugar maravilhoso para se aprender. É também um bom veículo para implementar o modelo de educação de “4-em-1” e para fazer avançar a educação da pessoa global.

          (A versão inglesa é uma tradução da entrevista conduzida em chinês)

O Prof. Haydn Chen é um especialist em ciências dos materiais de nomeada mundial. Obteve o seu grau de Doutor em Ciências dos Materiais e Engenharia da Universidade do Noroeste. Leccionou depois no Departamento de Ciências dos Materiais e Engenharia da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (UIUC) e aí se tornou professor catedrático efectivo. Foi par administrativo no Gabinete do Vice-Presidente para os Assuntos Académicos da UIUC, e director do Departamento de Física e Ciências dos Materiais da Universidade da Cidade (City University) de Hong Kong. Em 2004 tomou posse como Presidente da Universidade de Tunghai , Taiwan. No âmbito das suas funções como Presidente da Universidade de Tunghai , promoveu activamente a educação em artes liberais. Fundou um colégio de artes liberais a fim de implementar a educação do carácter, que permitiu à Universidade de Tunghai obter resultados extraordinários em diversas áreas, incluindo o recrutamento de estudantes, o ensino e a investigação. Em Agosto de 2012 tomou posse enquanto primeiro vice-reitor para os assuntos dos estudantes na UM.

Peter Yu: Qualquer momento é um momento ensinável

Em termos de divisão de trabalho, a educação na sala de aula é principalmente da responsabilidade do pessoal académico das várias faculdades, e a educação fora da sala de aula é principalmente conduzida por colegas dos assuntos dos estudantes. No Ocidente, os profissionais dos assuntos dos estudantes são designados “educadores em assuntos dos estudantes”, o que o Dr. Yu considera muito razoável. Ele diz frequentemente aos seus colaboradores: “Cada momento é um momento ensinável, e é por isso que temos de tornar cada actividade dos estudantes, e cada interacção com os estudantes, uma oportunidade para a educação. A nossa primeira tarefa é assistir o ensino, e a nossa segunda função é realizar o nosso ensino fora da sala de aula a fim de ajudar os estudantes a desenvolverem competências extracurriculares.”

Em apenas três meses nas suas novas funções, o Dr. Yu já notou muitas coisas boas no trabalho dos assuntos dos estudantes na UM. “Muitos estudantes da UM têm um trabalho a tempo parcial. As opiniões de pessoas diferentes divergem em relação a isto. Mas eu, pessoalmente, penso que é uma boa oportunidade para os estudantes aprenderem mais sobre a sociedade, de aumentarem a sua experiência de trabalho, e de realizar o seu valor individual,” comenta o Dr. Yu. “Os colegas do SAO são jovens, enérgicos, terra-a-terra e têm vontade de trabalhar. Organizaram muitas grandes iniciativas, tal como o recente Chá com Professores, que tinha por objectivo ajudar professores e estudantes a aproximarem-se. O Curso de Apoio de Pares é outro exemplo de sucesso. Já se realiza há dez anos. Este curso estimula a autoconfiança dos estudantes, melhora as suas competências interpessoais, ajuda-os a cultivarem uma atitude positive, ensina-os a apoiarem-se mutuamente, e cria uma atmosfera amigável no campus.”

Quando questionado sobre que tipo de papel é que o trabalho dos assuntos dos estudantes deveria ter numa universidade, o Dr. Yu fez notar que o SAO é responsável principalmente para lidar com três tipos de relações. A primeira é a relação entre a universidade e os estudantes, na qual o SAO ajuda a estabelecer um mecanismo de interacção e a criar uma cultura concertada e harmoniosa no campus. O segundo tipo é a relação entre estudantes, na qual o SAO ajuda a promover apoio e confiança mútuos. TA Terceira consiste no estabelecimento de regras e regulamentos e em lidar com casos individuais em nome da universidade – por outras palavras, a gestão dos alunos.

O Dr. Yu faz notar que a gestão dos estudantes deveria obedecer ao princípio “aprender com lições passadas a fim de evitar futuros erros com o objectivo de educar”. Cita um caso recente de um estudante considerado “desordeiro” e que teve muitas trocas de palavras desagradáveis com os colegas do SAO. O Dr. Yu fez o estudante sentar-se para uma longa conversa a fim de compreender a causa, e levou o estudante a exteriorizar, objectivamente, os seus sentimentos. Depois da conversa, o estudante deu-se conta do lado excitável e impulsivo da sua personalidade, e enviou por carta ao Dr. Yu.um pedido de desculpas. O Dr. Yu acentua que, ao lidar com casos referentes a estudantes, uma pessoa deveria abster-se de se limitar a entregar ao estudante em causa uma carta de notificação da sanção disciplinar, sem quaisquer outras acções de acompanhamento. “Deveremos ter sempre em mente que uma universidade é uma instituição de educação, e, assim, deveremos falar com o estudante cara-a-cara a fim de o ou a ajudar a compreender a seriedade e as consequências da acção,” diz o Dr. Yu. “Deveríamos igualmente explicar como a sanção disciplinar é realmente apenas um meio de educar. Só assim o estudante quererá aceitar o castigo, e só então o objectivo de educar será alcançado.” O Dr. Yu diz que planeia propor acrescentar o “serviço comunitário” como forma de sanção disciplinar. “O nosso objectivo é educar, e não castigar,” diz. O SAO espera encorajar os estudantes da UM a participarem mais no serviço comunitário, porque o serviço comunitário ajuda a cultivar a benevolência, e pode igualmente melhorar as suas capacidades de liderança através da organização de eventos.

Universidades de topo ultramarinas encaram há muito tempo os assuntos dos estudantes como uma área de especialização e têm investido considerável energia e recursos nesta área. Em comparação, a UM começou tarde e tem ainda espaço para melhorar em termos de experiência do pessoal e formação profissional. O Dr. Yu diz que mais de trinta colegas do SAO têm em média três anos de experiência em assuntos dos estudantes, o que é menos do que a das suas contrapartidas nas universidades ultramarinas de topo. Contudo, o Dr. Yu acentua também que a UM tem a vantagem do apoio de cima para baixo para os assuntos dos estudantes. “Muitas universidades no Ocidente começaram a cortar no financiamento, principalmente após os E.U. terem entrado em recessão económica, e os assuntos dos estudantes sofreram um duro golpe,” faz notar o Dr. Yu. “Entretanto, a UM continua a ser muito generosa em financiamento, o que deverá tornar a UM objecto de inveja por parte de muitas universidades ultramarinas.”

Dadas as dimensões e as instalações alargadas do novo campus, é previsível que o trabalho dos assuntos dos estudantes terá mais espaço para o desenvolvimento. Consequentemente, o SAO levará a cabo a formação de pessoal interno a fim de se preparar para os novos desafios que possam surgir no futuro.

O Dr. Peter Yu licenciou-se em Literatura Inglesa na Universidade Normal de Xangai. Obteve o grau de mestre em linguística pela Universidade de Exeter, Reino Unido, e o seu grau de Doutor em Educação Internacional e Comparativa pela Universidade da Virgínia, Estados Unidos. Após a graduação, serviu, sucessivamente, como director assistente dos estudantes e de director associado dos estudantes na Universidade da Virgínia. O Dr. Yu ocupou posições de gestão dos assuntos dos alunos durante mais de dez anos nos Estados Unidos. Tem também uma experiência rica no desenvolvimento do ensino superior internacional e assuntos dos estudantes. Tem dez anos de experiência de ensino, tanto na China como nos E.U. Em Julho de 2012 tomou posse enquanto primeiro director dos estudantes na UM.

 

Participantes: O trabalho dos assuntos dos estudantes deveria ajudar os estudantes a atingirem um desenvolvimento bem rodado

Não falta muito para a UM se mudar para o novo campus e implementar plenamente o sistema de RC. É previsível que um grande número de profissionais de assuntos dos estudantes de alto nível seja necessário. Então como é que a UM se deveria preparar para isso? Neste mês de Maio, a UM criou o Instituto dos Assuntos de Estudantes de Macau a fim de oferecer uma disciplina de formação avançada em assuntos dos estudantes, cuidadosamente concebida pela Profᵃ Susan Komives na Universidade do Maryland. A disciplina constituiu a mais compreensiva e sistemática disciplina em assuntos dos estudantes da Ásia nos últimos anos. Consistiu em cinco partes, abrangendo todos os aspectos chave dos assuntos dos estudantes. Foi leccionada por sete especialistas e académicos convidados dos E.U. Foram o Dr. Gregory S. Blimling, vice-presidente para os assuntos dos estudantes em Rutgers, Universidade Estatal da Nova Jersey; a Drᵃ Gwendolyn Dungy, directora executiva dos NASPA – Administradores dos Assuntos dos Estudantes no Ensino Superior; o Prof. Robert Reason da Universidade Estatal do Iowa; o Dr. Larry Roper, vice-reitor para os assuntos dos estudantes na Universidade Estatal do Oregon; a Profᵃ Karen Inkelas da Universidade da Virgínia; o Dr. John Schuh, professor distinto de liderança educactiva e estudos políticos na Universidade Estatal do Iowa; e o Prof. Marilee Bresciani da Universidade Estatal de Diego. O Prof. Haydn Chen, que era então presidente da Universidade de Tunghai, Taiwan; o Dr. Zhang Yan, vice-president da Universidade de Pequim; o Dr. Jonathan Holloway, professor de história e mestre do Colégio Calhoun da Universidade de Yale; e o Dr. Qi Xiaoping, director do gabinete dos assuntos dos estudantes na Universidade Sun Yat-sen foram igualmente convidados a partilharem as suas experiências em matéria de assuntos dos estudantes e de colégios residenciais com os participantes.

Os cinquenta e nove participantes na disciplina de formação eram provenientes de instituições do ensino superior em Macau, Hong Kong, Taiwan e China Continental. Muitos ocupam, actualmente, posições relacionadas com os assuntos dos estudantes. Elvo Sou, director da Secção de Aconselhamento e Desenvolvimento da UM, foi um dos participantes. Pensa que o curso de dez dias o ajudou a estabelecer uma sólida fundação teórica e prática. Elvo identifica-se, particularmente, com o conceito de “Inquietude Positiva” aprendido no curso. “Confrontamo-nos com muitos desafios, ao organizarmos actividades para os estudantes,” diz Elvo. “E, se não tivéssemos “Inquietude Positiva”, seria muito difícil responder às necessidades dos estudantes e da universidade em desenvolvimento. A “Inquietude Positiva” não se aplica apenas ao nosso trabalho nos Assuntos dos Estudantes, aplica-se também aos nossos alunos. Esperamos deles que aprendam e se desenvolvam, especialmente em termos de competências transversais, tais como o espírito de equipa e a preocupação com a humanidade. Damos-lhes conta das nossas expectativas e providenciamos-lhes o apoio necessário para tornarmos possível a sua aprendizagem e desenvolvimento. Os Assuntos dos Estudantes tornaram-se uma avenida muito estratégica para cultivarmos o desenvolvimento dos estudantes enquanto pessoas globais.”

Uma outra participante, Claire Ouyang, é uma doutoranda da Faculdade de Educação. Ela diz que o curso a ajudou a melhor integrar teorias sobre o desenvolvimento dos estudantes, bem como a compreender melhor o papel dos assuntos dos estudantes nas instituições deo ensino superior, e, principalmente, reforçou a sua determinação de seguir uma carreira relacionada com o desenvolvimento dos estudantes após a graduação. “A fim de ajudar os estudantes a estabelecerem-se na sociedade, é importante que os profissionais dos assuntos dos estudantes os ajudem a saberem mais sobre si próprios e a realizarem um desenvolvimento bem rodado. Neste processo, tanto os professores como os assuntos dos estudantes deveriam ter um papel,” diz Ouyang.

Kevin, um membro residente do Colégio da Ásia Oriental da UM, também participou. Diz que aquilo que lhe causou uma impressão mais profunda foi o conceito introduzido por um instrutor do curso, segundo o qual todos os membros do pessoal dos assuntos dos estudantes, incluindo o pessoal administrativo, são educadores. “Este conceito é muito encorajador,” diz Kevin. “Isto muda a forma como muitos colegas da UM encaram o seu trabalho e ajuda-os a darem-se conta de que trabalhar nos assuntos dos estudantes é realmente muito significativo.” Kevin diz que cada membro da UM tem a oportunidade de lidar com estudantes, independentemente da sua posição, e ninguém pode prever como a interacção de hoje vai afectar os estudantes no futuro. “Nunca se sabe. O vosso único encontro com o ou a estudante poderá vir a ter um impacto considerável sobre ele ou ela vinte ou trinta anos após a graduação, e é isto que a UM espera que possa vir a acontecer com o sistema de RC.” diz  Kevin. 

O mundo de hoje está em rápida mudança e é complicado. Longe vão os tempos em que as pessoas podiam fiar-se na educação que receberam na sala de aula para as sustentar e nutrir para o resto das suas vidas. A educação universitária deixou de se limitar a cumprir a função de educação vocacional ou de formação de aptidões, e está a tornar-se cada vez mais comum que os graduados da universidade trabalhem em profissões não relacionadas com a sua principal área de estudo. Para além de transmitir conhecimentos, tanto dentro como fora do âmbito dos campos de estudo escolhidos pelos estudantes, e de lhes ensinar a descobrir e a criar conhecimentos, o ensino superior moderno atribui também grande importância a ajudar os estudantes a cultivar um leque completo de qualidades, tais como a iniciativa de procurar uma aprendizagem ao longo de toda a vida, a vontade de explorar e inovar, um carácter nobre, e a paixão pela vida. É este também o mais importante valor nuclear do ensino superior moderno.

Com a UM em vias de se relocalizar para um novo campus, que é vinte vezes maior do que o actual, fazemos face a um novo início. Acreditamos que as melhores instalações e os sistemas avançados e a filosofia da educação irão acelerar a implementação do modelo de educação de “4-em-1”, que, por seu turno, ajudará os estudantes a cultivarem conhecimentos transversais e específicos. Os RCs, em particular, terão um papel tremendo em ajudar os estudantes a cultivarem um bom carácter, personalidade e espírito de equipa. O novo modo de ensino e a gestão dos estudantes estimulará certamente outras instituições do ensino superior em Macau e nas regiões vizinhas a contemplar o seu próprio desenvolvimento.